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Em Espanha, o presidente do governo não se ficou pelas obrigações protocolares. Escreveu um belíssimo texto no El Pais sobre o autor. Só que não foi o único. O católico conservador de direita, Mariano Rajoy, também deixou a sua mensagem elogiosa que foi para lá da mera formalidade. O rei manifestou a sua tristeza. Em Lanzarote o povo anónimo dedicou-se a leituras espontâneas da sua obra. Em Lisboa, vários ministros espanhóis, incluindo a número dois do governo, marcaram presença.
Em Portugal, o campo ideológico oposto a Saramago não se fez representar no funeral. Não esteve lá nem Pedro Passos Coelho, nem Paulo Portas. Cavaco Silva fez o que fez e o que fez seria uma impossibilidade em Espanha. Foram ditas frases de circunstância, mas nos fora de debate, na blogosfera e nas caixas de comentários dos jornais desaguaram insultos, ressentimento e mesquinhas acusações de gente que dizendo-se patriota dedica a sua energia a cuspir na sua própria cultura.
Em Espanha, o homem polémico foi incorporado como fazendo parte da cultura espanhola. Como um seu. "Os espanhóis choram hoje Saramago como um dos nossos, porque sempre o sentimos a nosso lado", escreveu Zapatero a Pilar del Rio.
Em Portugal, Saramago foi linha de fronteira e renegado por parte do País. Com o pequeno pormenor do homem em causa ser português, escrever em português e ter regressado na sua morte a terra portuguesa.
A forma como Espanha lida com o que tem, mesmo que o tenha por adopção, e Portugal lida com a sua cultura ajuda a explicar porque uma é uma potência cultural e o outro apenas um país cheio de talentos que acabam, mais tarde ou mais cedo, por partir ou viver próximo da indigência.
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Daniel Oliveira, in http://aeiou.expresso.pt/a-potencia-e-a-aldeia=f589539
Em Espanha, o presidente do governo não se ficou pelas obrigações protocolares. Escreveu um belíssimo texto no El Pais sobre o autor. Só que não foi o único. O católico conservador de direita, Mariano Rajoy, também deixou a sua mensagem elogiosa que foi para lá da mera formalidade. O rei manifestou a sua tristeza. Em Lanzarote o povo anónimo dedicou-se a leituras espontâneas da sua obra. Em Lisboa, vários ministros espanhóis, incluindo a número dois do governo, marcaram presença.
Em Portugal, o campo ideológico oposto a Saramago não se fez representar no funeral. Não esteve lá nem Pedro Passos Coelho, nem Paulo Portas. Cavaco Silva fez o que fez e o que fez seria uma impossibilidade em Espanha. Foram ditas frases de circunstância, mas nos fora de debate, na blogosfera e nas caixas de comentários dos jornais desaguaram insultos, ressentimento e mesquinhas acusações de gente que dizendo-se patriota dedica a sua energia a cuspir na sua própria cultura.
Em Espanha, o homem polémico foi incorporado como fazendo parte da cultura espanhola. Como um seu. "Os espanhóis choram hoje Saramago como um dos nossos, porque sempre o sentimos a nosso lado", escreveu Zapatero a Pilar del Rio.
Em Portugal, Saramago foi linha de fronteira e renegado por parte do País. Com o pequeno pormenor do homem em causa ser português, escrever em português e ter regressado na sua morte a terra portuguesa.
A forma como Espanha lida com o que tem, mesmo que o tenha por adopção, e Portugal lida com a sua cultura ajuda a explicar porque uma é uma potência cultural e o outro apenas um país cheio de talentos que acabam, mais tarde ou mais cedo, por partir ou viver próximo da indigência.
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Daniel Oliveira, in http://aeiou.expresso.pt/a-potencia-e-a-aldeia=f589539
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