domingo, 22 de agosto de 2010

A MISTELA DO EDUQUÊS


Texto gentilmente enviado por Guilherme Valente ao De Rerum Natura, saído no semanário Expresso de hoje.

«Os que negam a razão não podem ser conquistados por ela.» A. R.
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1. Só há um grande problema em Portugal, todos os outros derivam dele, serão resolvidos por acréscimo: a educação. O nosso défice público maior. No entanto, a solução desse problema fundador foi deixada a um grupo de pessoas de duvidosa formação, chocante insensatez, gritante incapacidade de gestão, desígnio ideológico inconfessável. Durante mais de trinta anos. Sobrevivendo a todas as mudanças de governo. Com uma continuidade como nunca se verificou noutra área governativa. Sem terem sido eleitas. Sem o seu programa ter sido votado pelos Portugueses. Impedindo a construção da escola do conhecimento e da exigência, que redistribuiria a cultura e qualificaria os Portugueses, esse grupo dos «especialistas» controla todo o sistema educativo, das estruturas de poder do Ministério à formação de professores. Recrutaram em todos os partidos, colocaram fiéis ou têm instrumentos nas Presidências da República. Na expectativa de eleições, preparam já a troca de cadeiras nos lugares mais visíveis no Ministério da Educação. À espera do próximo convertido ou «idiota útil» mais provável para ministro. Ninguém pode ambicionar uma carreira na educação sem aceitar o seu jugo. Uma «União Nacional».
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2. Confrontados com a tragédia dos resultados, que não os deixámos continuar a esconder, justificam o insucesso atribuindo-o a «cedências», «desvios» e «recuos» na realização do seu projecto. Devem ser assim interpretadas divergências recentes. E chegou a «justificação» mais sinistra: «Precisamos de mais tempo». Perante a sucessiva descida das notas de matemática, os responsáveis pelo Plano de Acção para a Matemática (os mesmos que causaram o descalabro) disseram… precisarem de mais anos (Expresso de 3/6/10, p. 18). Não chegaram trinta anos de experiência, um longo cortejo de vítimas? Pseudo-argumento, inverificável, fanático, que se conhece da História. No registo da política, como no da ciência, quando não se aceita a prova da realidade - neste caso o fracasso verificadíssimo da anti-escola imposta ao País - entra-se no reino das «ciências» ocultas. Também nesse sentido o eduquês é uma seita. Uma história conhecida ilustra a natureza irracional da falácia: Envenenado pela mistela do curandeiro, o doente acaba por ir ao médico. Levado o charlatão a tribunal, o que diz em sua defesa? «Se tivesse continuado a beber o meu remédio… acabaria por melhorar.» Até quando? Até morrer mesmo, pois não era remédio, mas veneno.
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3. Estúpida relativamente à escola de que o País precisa, mas perfeita relativamente ao projecto de sociedade que querem impor, a instituição do fim das retenções, agora tão atalhoadamente defendida (Expresso de 31/7/2010 e entrevista ao telejornal da SIC), é, afinal, a dose letal da mistela que faltava. Percebe-se o seu efeito num país como Portugal. Solução final há muito desejada pela seita, que, finalmente, um ministro e um governo lhes oferecem. Só num ensino, útil e digno para todos, que seja exigente desde a primeira aula, e, assim, gerador da autoexigência de professores, alunos e pais, as retenções e o abandono seriam residuais. Uma escola em tudo o inverso da que temos. Mas mesmo nesse caso uma impossibilidade das retenções devia ser formalizada.
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4. Do mesmo modo, a política dos grandes agrupamentos, vista como de poupança financeira, é, sobretudo, outra concretização do projecto ideológico imposto ao País: criam espaços anómicos, onde, sem regras, na dissolução do conhecimento que conta e dos valores que humanizam, na «libertação» dos ressentimentos, supostamente se diluiriam todas as diferenças, sociais, culturais, pessoais. Ao contrário, por exemplo, do que acontece na Finlândia, que tão mentirosamente referem.
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5. A minoria que foge ou sobrevive não chegará para resistir à aniquilação geral da inteligência e da vontade que tem sido perpetrada, para resistir à magnitude do que foi, agora, alegremente, prometido.

Guilherme Valente

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ideologias

Se é verdade que o Presidente da República jurou cumprir e fazer cumprir a constituição de que estará ele à espera? Como quererá ele tratar os ímpios que a tentam desfalcar? Ahhh, quase me esquecia, não está em território nacional e como tal não fala. Típico não?

Nós por cá, incorremos, assim como quem não quer, numa de um ultra liberalismo que assusta até o doutor Jardim. sem teres chegado a ir, volta Sócrates pois estás mais que perdoado.À tua direita esconde-se uma enorme bomba social que parece querer rebentar...

domingo, 18 de julho de 2010

O Peregrino


O peregrino, cartoon de António, in Expresso

"Um horizonte plúmbeo"

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Assim, hoje, não é só todo o modelo Keynesiano que está em crise e cujo fim se anuncia, são também os principais paradigmas ideológicos da esquerda do século XX.
Neste panorama, a política perdeu os seus referentes ideológicos e fulanizou-se. Os centros de poder e de decisão nacionais estão a transferir-se para instâncias supra nacionais (quando não para empresas globais) sobre as quais não há qualquer controlo democrático...

António Marinho e Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, in Jornal de Notícias

sábado, 17 de julho de 2010

Depois das SCUTs: Governo pondera taxar “passeio dos tristes”

Quarta-feira, 14 de Julho de 2010

Depois de tentar, sem sucesso, taxar as SCUTs, o Governo pondera agora taxar o “passeio dos tristes”, implantando um chispe nos próprios tristes, que assim que pensam em tirar o carro da garagem para passear ao fim-de-semana, a Brisa vai-lhes logo à conta.

A ideia é simples. O secretário de Estado explica: «Primeiro convidamos os tristes para um belo chispe. Como gostam todos de comer, vêm logo e nem fazem perguntas. A partir daí, sempre que pensam em passear de carro, pimba. Por exemplo, um triste acorda de manhã, reúne a família e diz “e se fôssemos até Cascais, depois fazemos o Guincho, Malveira, vamos até Sintra, passamos por Mafra, Outlet do Carregado e voltamos”. Neste caso, o triste já estava a pagar vinte e cinco euros. Se o primo deste triste, zangado aliás por ser sempre o outro triste a escolher, optar por levar a família até Palmela, cabo Espichel, Sesimbra e Tróia, paga 35, sem contar com o barco. Já se sabe que isto dará depois discussão, com o primeiro triste a dizer ao segundo que tinha razão quando disse que deviam ir até Cascais. É só mais um bónus que este sistema nos dá: ver os tristes a discutir antes, durante e depois do passeio.»

Com esta medida, justificada pela austeridade, o Governo pode vir a encaixar o PIB da Alemanha, derivado à quantidade de tristes.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Problemas Conjugais


Cartoon de Henrique Monteiro

terça-feira, 13 de julho de 2010

passos perdidos



o senhor ps e o senhor psd. desde já pedindo desculpa aos gatos por tão desastrada comparação...

Je t'aime, moi non plus


Cartoon de Henrique Monteiro

Santa paciência...

E que tal um governo de iniciativa Presidencial? sim! Não!

Um governo de mão forte, militarizado...

E que tal? Não, pois não! Melhor tudo conforme está! Está tudo tão bem cá no cantinho.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Provérbios ilustrados por Henrique Manuel


Retirado de: http://editora-afrodite.blogspot.com/

terça-feira, 6 de julho de 2010

Crise do capitalismo

A Escola

"A escola não tem culpa, é a nossa sociedade que é culpada. A escola, a universidade, deveriam ser o lugar onde a imaginação tem campo livre, onde se aprende a pensar, a reflectir, sem qualquer meta. Mas isso é algo que estamos a eliminar em todo o mundo. Estamos a transformar os centros de ensino em centros de treino. Estamos a criar escravos. Somos a primeira sociedade que entrega os seus filhos à escravidão, sem qualquer sentimento de culpa.»

Alberto Manguel, entrevista, retirado de: http://nemsemprealapis.blogspot.com/

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Corja maldita, Pedro Almeida Vieira

Excerto do romance "Corja maldita" de Pedro Almeida Vieira (Sextante). o autor de "Nove Mil Passos", "O Profeta do Castigo Divino" e "A Mão Esquerda de Deus". que logo às 18h30 irei apresentar na Livraria Almedina Estádio de Coimbra (o livro versa a expulsão dos jesuítas no tempo do Marquês de Pombal mas o facto de ter um narrador diabólico permite-lhe incursões como esta pela nossa actualidade):


"E acreditando nas palavras de um sucessor do conde de Oeiras - homem com nominata de filósofo, versado em recitar aforismos e que trata, nos nossos dias, os portugueses como analectos - essa carruagem alegórica chamada Portugal tem ainda de compor, para este desiderato e neste pequeno pedaço de mundo, auto-estradas em todos os distritos - três serão precisas de Lisboa ao Porto -, mais duas linhas férreas de alta velocidade para Espanha, uma tríade de pranchas de betão e aço entre a capital e a margem sul, mais um novo aeroporto majestático em cima de chaparrais, mais um terminal de contentores para emparedar as vistas do Tejo, mais umas plataformas logísticas em terras agrícolas, muitos empreendimentos turísticos em cima de arribas para um certo dia soterrarem uns incautos banhistas, uma fartadela de centros comerciais, estádios de bola muitos, e outros folclores e demais obras fantasias, sinuosas e escorregadias, tudo destinado a prover de folguedos e acepipes o povoléu, que tudo há-de pagar, para alegria de empresários e partidários de comissões e alcavalas, mesmo sabendo-se que, à conta das muitas manigâncias, os tribunais vão ficando entupidos em rebuçados processos, mas convenientemente arquivados ou prescritos em tribunais superiores, quando não inferiores, gastando-se, as mais das vezes, sem glória, horas de escutas telefónicas que se destinam, mais tarde, a surgirem no Youtube."

Retirado de: http://dererummundi.blogspot.com/search/label/literatura