quarta-feira, 30 de junho de 2010

A escola não pode permanecer tal como está.

A propósito da publicação do livro O ensino do Português, referido em post anterior, a sua autora, Maria do Carmo Vieira, deu uma entrevista, onde afirma o seguinte:


"A escola não pode permanecer tal como está, porque já bateu fundo – e não só em relação ao ensino do português, mas em várias outras matérias. Estamos a ensinar na base daquilo que é fácil, do que não exige esforço, nem trabalho. Estamos a fomentar gerações e gerações de alunos que não pensam, nem sequer sabem falar ou escrever.

Ao tornar a facilidade da escola comum para todos, um aluno que venha de um contexto familiar rico, do ponto de vista cultural, não vai ficar prejudicado, porque os pais hão-de ter sempre dinheiro para ele ir para explicadores ou para frequentar boas escolas. Já aqueles que vêm de espaços mais fragilizados socialmente, esses sim é que vão ser torturados e explorados pela sociedade."

Retirado de: http://dererummundi.blogspot.com/

Insultos a chefes de estado


«Se existe na natureza um principio de justiça, esse é necessariamente o único princípio político que jamais existiu ou existirá. Todos os outros princípios ditos políticos, princípios que os homens têm o hábito de inventar, nada têm de princípios. São ou puras vanglórias de simples de espirito, que imaginam ter descoberto qualquer coisa de melhor que a verdade, a justiça e a lei universal, ou as astúcias e os pretextos a que recorrem egoístas e celerados a fim de obterem a glória, o poder e o dinheiro.»

Lysander Spooner, in "insultos a chefes de estado" fenda, 1999

Retirado de: http://ocafedosloucos.blogspot.com/2008_01_01_archive.html

um cartoon...

Mariano Gago desafia os portugueses a estudarem mais

Mariano Gago desafia os portugueses a estudarem mais - Educação - PUBLICO.PT

Notícia bombástica do jornal Público: Mariano Gago, ministro da Ciência e Tecnologia e do Ensino Superior, afirmou que “é preciso estudar mais, é preciso voltar à escola, é preciso saber mais”.
Segundo a opinião unânime dos analistas políticos, trata-se de uma enorme gaffe política (sobretudo a primeira afirmação: “é preciso estudar mais”), pois contraria radicalmente a política educativa do actual governo, bem como do anterior (liderado – embora por vezes possa não parecer – pelo mesmo primeiro-ministro). Não é de excluir um conflito político entre o ministro da Ciência e Tecnologia e do Ensino Superior e a ministra da Educação.
Que pensará o primeiro-ministro sobre o assunto, admitindo que pensa alguma coisa?

terça-feira, 29 de junho de 2010

Não vivemos acima das nossas possibilidades.

(...)
Repito: os portugueses não vivem acima das suas possibilidades. Apenas vivem num País onde as possibilidades nunca lhes tocam à porta. O nosso problema é político. É o de uma economia parasitária de um Estado sequestrado por uma minoria que não inova, não produz e não distribui. De um Estado e de tecido empresarial onde os actores se confundem. De um regime pouco democrático e nada igualitário. E de um povo que se habituou a viver assim. De tal forma resignado que aceita sem revolta que essa mesma elite lhe diga que ele, mesmo sendo pobre, tem mais do que devia.

Daniel Oliveira, in : http://aeiou.expresso.pt/nao-vivemos-acima-das-nossas-possibilidades=f590862

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Rui Reveles: na feira da ladra "glocal" a reciclar o passado

Vende na rua, vende na net. A banca de Rui Reveles tanto está montada na Feira da Ladra como no mundo através dos leilões online. É local, é global – é "glocal". Na gandaia há 5 anos, procura objectos do passado, aprende com eles e ensina. História de um ex-"roadie" dos Censurados que gosta de vender antiguidades.
(Clique no link e veja o vídeo)

20 Anos, 20 Histórias - PUBLICO.PT

Gente da minha terra

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A potência e a aldeia

(...)
Em Espanha, o presidente do governo não se ficou pelas obrigações protocolares. Escreveu um belíssimo texto no El Pais sobre o autor. Só que não foi o único. O católico conservador de direita, Mariano Rajoy, também deixou a sua mensagem elogiosa que foi para lá da mera formalidade. O rei manifestou a sua tristeza. Em Lanzarote o povo anónimo dedicou-se a leituras espontâneas da sua obra. Em Lisboa, vários ministros espanhóis, incluindo a número dois do governo, marcaram presença.

Em Portugal, o campo ideológico oposto a Saramago não se fez representar no funeral. Não esteve lá nem Pedro Passos Coelho, nem Paulo Portas. Cavaco Silva fez o que fez e o que fez seria uma impossibilidade em Espanha. Foram ditas frases de circunstância, mas nos fora de debate, na blogosfera e nas caixas de comentários dos jornais desaguaram insultos, ressentimento e mesquinhas acusações de gente que dizendo-se patriota dedica a sua energia a cuspir na sua própria cultura.

Em Espanha, o homem polémico foi incorporado como fazendo parte da cultura espanhola. Como um seu. "Os espanhóis choram hoje Saramago como um dos nossos, porque sempre o sentimos a nosso lado", escreveu Zapatero a Pilar del Rio.

Em Portugal, Saramago foi linha de fronteira e renegado por parte do País. Com o pequeno pormenor do homem em causa ser português, escrever em português e ter regressado na sua morte a terra portuguesa.

A forma como Espanha lida com o que tem, mesmo que o tenha por adopção, e Portugal lida com a sua cultura ajuda a explicar porque uma é uma potência cultural e o outro apenas um país cheio de talentos que acabam, mais tarde ou mais cedo, por partir ou viver próximo da indigência.
(...)

Daniel Oliveira, in http://aeiou.expresso.pt/a-potencia-e-a-aldeia=f589539

A corrida...

Cavaco não foi [ao funeral] porque vai precisar dos votos dos que não leram O Evangelho segundo Jesus Cristo e consideraram Caim uma obra dos infernos.

Miguel Carvalho, in http://aeiou.visao.pt/saramago=f563789

E ajusto eu! Quis fazer as pazes com os correligionários religiosos, os mesmos que o estavam a ameaçar com uma outra candidatura de direita! Assim vai a nossa democracia.

Nuno Monteiro

A Maioria Vence...



Cartoon de Henrique Monteiro

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José

Esta paupérrima república, que nem uma letra maiúscula merece, saberá honrá-lo agora que morreu? Ou talvez prefira, cínica como é, que as palavras elogiosas, as que se impõem, sejam as da Monarquia, a vizinha, a que o adoptou!? a ver vamos! Os erros pagam-se ou tornam-se azedos?! Ou estarei tão enganado...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Yes, Minister!!

O exemplo da Finlândia é muito referido, mas poucas vezes com rigor.
Também a Senhora Ministra referiu a Finlândia na Assembleia da República. Na Finlândia não há retenções, afirmou, parecendo querer dizer não existir essa possibilidade naquele país. E nem um deputado lhe pediu para esclarecer o que terá pretendido afirmar. Nos debates parlamentares nunca foi feita, aliás, a pergunta iluminante de toda questão da educação: em que tipo de sociedade quer o «eduquês» obrigar os Portugueses a viverem?Na Finlândia existe a possibilidade de retenção. Mas o objectivo e a qualidade do ensino; a preparação dos professores e o reconhecimento da sua função inestimável; as regras, a direcção e o ambiente nas escolas; a responsabilidade exigida aos pais; a exigência desde o primeiro dia de aulas, reduzem as retenções a uma percentagem residual.Na Finlândia a escola é a sério. Tudo está organizado para os professores ensinarem, os alunos aprenderem, para ninguém ficar para trás.Em Portugal, pelo contrário, o facilitismo é cultivado desde o primeiro dia de aulas. E logo interiorizado por todos: alunos, pais e professores. (Para o bem e para o mal, é a grande vantagem dos seres humanos: adaptarem-se depressa.) O resultado não pode ser outro.A escola finlandesa é o inverso da escola em Portugal. E a medida agora anunciada – possibilidade oferecida aos alunos de 15 anos retidos no oitavo ano de poderem «saltar» para o décimo (e porque não aos de 14 anos?) – é um exemplo expressivo dessa diferença.Medida injusta, por não ser oferecida a todos de qualquer ano (e os melhores conseguiriam avançar); inútil se os exames forem sérios; irreflectida por abalar sem mais a própria arquitectura do tempo de escolaridade.Pareceu-me, aliás, haver constrangimento e confusão na defesa feita pela Ministra desse «milagre». Por isso pergunto: quem manda no Ministério da Educação?Será seriamente imaginável que alunos reprovados (apesar do facilitismo todo) no 8.º ano, possam aprender num ano a matéria do 8º. e do 9º?. E se passarem no «exame sério» do 9.º e reprovarem no 8.º? E os pobres dos professores que os apanharem no décimo?"Exame" em vez de exames, é o que virá. Prepara-se, portanto, mais um grande êxito… estatístico. É para isso esta medida. E não se faz o que devia ser feito: a oferta criteriosa, a tempo de prevenir o abandono, de uma via técnico-profissional, de exigência e dignidade iguais à via de acesso ao ensino superior, que, na Finlândia é frequentada, aliás, pela maioria dos estudantes.O que é oferecido em algumas escolas, por iniciativa de directores e professores que vivem quotidianamente essa falta gritante, sem o empenhamento autêntico, muito pelo contrário, do Ministério, não pode responder a essa necessidade imperiosa. Mas mesmo assim - ouçam-se essas escolas – esses exemplos, que a nomenclatura do Ministério teve de aceitar que surgissem e procura sabotar, a funcionarem sem o reconhecimento, os meios humanos e as condições mínimas, provam a razão dos que durante todos estes anos combateram pela oferta de uma via de ensino técnico profissional no sistema educativo: a sério, qualificada, exigente e dignificada.Impõe-se, pois, a pergunta, para muitos retórica: a Senhora Ministra está com ou contra o "eduquês"? Quer continuar a nivelar por baixo? Partilha o igualitarismo, anti-cultura, anti-conhecimento, loucura de tornar todos iguais? Ou, pelo contrário, quer uma escola de liberdade que revele e valorize as capacidades, interesses e vocação de todos, até ao limite do possível? Uma escola que reduza as desigualdades, ou esta escola de mentira, de ignorância e de exclusão que as agrava? Anti-escola que tornou Portugal no país mais desigual da União, com excepção da Polónia.Tem um projecto para fazer sair o ensino público das trevas?

Guilherme Valente

In Jornal Público, 14 de Junho de 2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010